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Boletim da Santa Cruz Nº 51

BOLETIM DA SANTA CRUZ

ABRIL DE 2015 – Nº 51


Caríssimos amigos e benfeitores,

Entre os grandes acontecimentos que marcaram a vida de nosso mosteiro no mês de março dois merecem destaque especial: a sagração de Dom Jean Michel Faure, discípulo e cooperador de Dom Lefebvre desde 1972, e a ordenação de nosso irmão André realizada pelo mesmo Dom Faure. Agradecemos a Dom Williamson que sagrando Dom Faure, permitiu a este de ordenar mais um padre para a Santa Igreja.

Mas por que sagrar um bispo nas circunstâncias atuais? Para responder a esta pergunta reproduzimos aqui o artigo escrito por ocasião desta cerimônia para auxiliar nossos fiéis e amigos a compreender a gravidade da situação atual e, portanto, da necessidade deste santo e grande meio que é a sagração de um bispo, imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo a partir do qual se pode reconstituir a cristandade, esperando que Roma retorne à Tradição e confirme na sua função aqueles que, por amor da Igreja, aceitaram a pesada cruz do episcopado em tempos de uma crise como jamais se viu na história.


“Por que uma sagração em 2015?”


“No dia 30 de junho de 1988, após muitas orações e madura reflexão, Dom Marcel Lefebvre sagrou quatro bispos para que a Santa Igreja pudesse continuar sua missão. Esta cerimônia suscitou a tempestade que Dom Lefebvre já previra. Roma fulminou uma excomunhão (inválida porque o ato de Dom Lefebvre era lícito devido à situação em que se encontra a Igreja) e os jornais noticiaram o ocorrido com grande alarido.

No entanto não foi somente Roma que reprovou estas sagrações. No seio da Tradição alguns se levantaram contra elas. Dom Gérard Calvet, prior do mosteiro de Santa Madalena do Barroux, na França; Jean Madiran, diretor da revista Itinéraires; o Pe. Bisig, padre da Fraternidade São Pio X que a abandonou para fundar a Fraternidade São Pedro, também foram contra esta operação sobrevivência. Dom Gérard dizia que era necessário ficar no perímetro visível da Igreja e, para isso, regularizava sua situação canônica com Roma abandonando Dom Lefebvre e Dom Antônio de Castro Mayer, arrastando consigo as beneditinas do nosso mosteiro da França além de tentar arrastar consigo a fundação brasileira de Santa Cruz.

E qual era a argumentação de Dom Gérard com a qual ele queria nos fazer aceitar os acordos? Ela era sutil e podia enganar a mais de um incauto.

“– Os senhores devem me obedecer porque esta decisão diz respeito não à uma questão de fé, mas apenas a uma questão de prudência. Tratando-se de uma questão prudencial, os senhores devem obedecer por causa de seus votos.” Resumo aqui o que me disse em particular Dom Gérard, aqui no mosteiro da Santa Cruz. As palavras não são textuais, mas a argumentação foi bem esta. Em público ele havia declarado: “Roma nos dá tudo e não pede nada. Como poderíamos recusar?” Dom Gérard tentava convencer por todos os meios os monges, os fiéis e os padres amigos de que sua atitude era justa. Neste caso, desobedecê-lo seria um pecado grave.

Que responder diante de tal argumento? Nossa resposta foi simples.

“Nossa fé corre grandes riscos com estes acordos com Roma. Não podemos aceitá-los.”

“O senhor, disse então Dom Gérard, deve voltar para França (para o mosteiro do Barroux onde eu havia feito os meus votos perpétuos) onde há cinquenta monges para protegerem a sua fé.”

Nossa resposta foi negativa. Mesmo que Dom Gérard dissesse que nossa fé não corria perigo, mesmo que Dom Gérard dissesse que sua decisão era de âmbito apenas prudencial, a verdade era outra. Esta decisão era de fato prudencial, sim. Não há dúvida quanto a isso. Mas era profundamente imprudente e com graves consequências para a fé. Submetendo-se a autoridades que não professavam a integridade da fé católica, Dom Gérard punha nossos mosteiros numa situação que o tempo se encarregou de mostrar a nocividade. Os frutos dessa decisão foram: Missa Nova rezada por Dom Gérard em Roma, Liberdade Religiosa defendida por um monge do Barroux, partida de vários monges e nova orientação de todo o mosteiro do Barroux. Uma calamidade cujas consequências pesa até hoje sobre inúmeras almas.

E atualmente? Que pensar da situação? Uma nova operação sobrevivência se impõe?

Como todos sabem, a direção da Fraternidade vem procurando refazer à sua maneira o que fez Dom Gérard com seus mosteiros. Graças a Deus Santa Cruz se recusou a seguir Dom Gérard em 1988. Graças a Deus Santa Cruz também recusa hoje a seguir Dom Fellay.

Mas que deseja Dom Fellay? É justo assimilá-lo a Dom Gérard? Dom Fellay deseja uma aproximação gradativa com Roma. Ao contrário de Dom Gérard, a direção da Fraternidade avança bem mais lentamente do que o Barroux, mas o espírito que preside a estas duas “démarches” é o mesmo.  O Pe. Pflüger diz que se a situação em Roma é anormal, a nossa, a da Tradição, também o é. Uma regularização canônica se torna necessária. Ela quase foi concluída em 2012, mas a Providência a impediu. Uma carta dos três Bispos: Dom Williamson, Dom Tissier de Mallerais e Dom de Galarreta, dirigida a Dom Fellay e a seus assistentes fez certamente Roma refletir e é bem provável que Roma, ela mesma, tenha considerado que o momento não havia chegado. Mas para Dom Fellay o caminho a seguir parece claro: se Roma dá tudo e não pede nada, como recusar? É ignorar as consequências de se pôr nas mãos dos modernistas.

Ora, o tempo prossegue sua marcha trazendo fatos que são do conhecimento de todos: expulsão de Dom Williamson, adiamento das ordenações de diáconos e sacerdotes capuchinhos e dominicanos na França, ameaça de adiamento das ordenações dos candidatos de Bellaigue (mosteiro beneditino fundado por Santa Cruz na França), expulsão de vários padres da Fraternidade, decisões do Capítulo Geral da Fraternidade em 2012 que modificam as decisões do capítulo anterior de 2006 no que toca aos acordos com Roma, declarações cada vez mais audazes e liberais da parte do Pe. Pfluger, declaração de Dom Fellay atenuando a gravidade do documento conciliar Dignitatis Humanae, declaração doutrinal de Dom Fellay do 15 de abril de 2012 criticada com razão pelo próprio diretor do seminário de Ecône (que é o principal seminário da Fraternidade), ação corrosiva do GREC que reunia (ou ainda reúne?) padres da Fraternidade e padres progressistas para procurarem juntos uma “necessária reconciliação”, afastamento de comunidades amigas como a dos religiosos do Rev. Padre Jahir Britto, dos dominicanos de Avrillé, dos beneditinos de Santa Cruz, das carmelitas da Alemanha, sem falar no drama de consciência de inúmeras almas que sofrem em silêncio ou que foram expulsas de suas comunidades.

A tudo isso deve-se acrescentar o drama de um grande número de fiéis. Mas o pior não consiste em assistirmos a novas divisões. O pior consiste no fato de ver os superiores da Fraternidade São Pio X, Dom Fellay e seus assistentes, ameaçarem a obra de Dom Lefebvre de ruína total. Este é o fruto amargo, pacientemente preparado ao longo de muitos anos, já que o GREC foi fundado nos anos 90 e teve uma influência decisiva nas orientações da Fraternidade, influência que perdura, pois ele refletia e reflete o pensamento de muitos na Fraternidade São Pio X.

Diante destes fatos uma decisão se impõe. É preciso renovar a operação sobrevivência de 1988. É preciso, em 2015, sagrar um ou vários bispos, pois a Santa Igreja necessita de bispos e de sacerdotes que não sejam liberais e não estejam tentados a se porem sob a direção dos liberais e dos modernistas, mas que, ao contrário, compreendam as graves palavras de Dom Lefebvre escritas no último livro que ele deixou a seus filhos.

“É então um dever estrito para todo padre que quer permanecer católico, de separar-se dessa Igreja conciliar, enquanto ela não reencontrar a tradição do Magistério da Igreja e da fé católica.” (Mons. Marcel Lefebvre, A vida Espiritual, Editora Permanência – pág. 31).

Será pois, separados dos neomodernistas e dos liberais, que nós prosseguiremos a obra de Dom Lefebvre dando todo nosso apoio à sagração conferida por Dom Williamson ao Rev. Pe. Jean Michel Faure.”

*   *   *

Assim se terminava este artigo que achamos por bem reproduzir aqui para deixar bem claro as razões de todo nosso apoio dado a Dom Williamson e a Dom Faure, apoio acompanhado de nossos mais vivos agradecimentos por nos dar os meios de prosseguir o que Dom Lefebvre e Dom Antônio fizeram e, assim, salvar nossas almas e trabalhar na salvação de muitas almas.

Não queremos dizer com tudo isso que todos os membros da Fraternidade São Pio X sejam liberais. De modo algum. Aí se encontram excelentes sacerdotes mas, como diz Camões: “Um fraco rei torna fraca a forte gente.” É para evitar este desastre que muitos começam a se agrupar em torno de Dom Williamson e Dom Faure. Que Deus lhes dê sabedoria e força para prosseguir neste combate que não é nosso mas é o de Nossa Senhora e de toda a Igreja. Ipsa conteret.

Dom Prior

CRÔNICA


Limitar-nos-emos, desta vez, aos dias referentes à sagração, à ordenação realizadas no nosso mosteiro e a algumas das cerimônias da Semana Santa.

19 de março – Festa de São José

Sagração de Dom Faure com grande júbilo para todos os presentes. Dez países estavam representados, mostrando assim que não se trata de uma preocupação local, mas da compreensão por parte de padres e fiéis de diversas partes do mundo da necessidade de bispos e padres inteiramente católicos para que a Santa Igreja continue a pregar a fé integral e não uma fé diminuída pelo liberalismo e o modernismo.

Padres vindos da França (Pe. Pivert e Frei Emmanuel-Marie), dos Estados Unidos (Padres Pfeiffer e Hewko), do México (Pe. Trincado) e da Colômbia (Dom Rafael) além dos que estão domiciliados no Brasil (Padres Cardozo, Joaquim FBMV e Marcelo) realçaram com sua presença a solenidade. O Rev. Pe. François Pivert foi o “padrinho” de sagração de Dom Faure e os religiosos do Pe. Jahir Britto formaram parte importante na cerimônia, enquanto o Pe. Cardozo assegurava as confissões.

28 de março

Ordenação de nosso irmão André – suas duas irmãs assim como seu irmão Raul estavam presentes. Dom Faure preside a cerimônia e nosso irmão se torna sacerdote para toda a eternidade. Pe. Joaquim FBMV faz a função de padrinho.

29 de março – Domingo de Ramos

Benção dos ramos, pregação, e primeira missa de Dom André. Pe. Trincado faz a função de padre assistente.

Dom Williamson crisma de mais de vinte pessoas à tarde.

1º de abril

Conferência de Dom Williamson sobre a música.

2 de abril – Quinta-feira Santa

Missa Crismal celebrada por Dom Faure que já começa seu episcopado pelas funções as mais solenes como a ordenação de um sacerdote e esta missa cuja solenidade, mesmo se a cerimônia foi discreta, deixa em todas as almas um perfume celeste.

À tarde, Missa Vesperal celebrada por Dom André que também começa seu sacerdócio com importantes cerimônias.

3 de abril

Partida de Dom Williamson e de Dom Faure que vão visitar o mosteiro do Rev. Pe. Jahir Britto.

NOTA DO CELEIREIRO


A todos que desejarem nos ajudar a manter nossa escola assim como nossa casa de estudos expressamos, desde já, nossos mais vivos agradecimentos. Educar, tanto a infância como os jovens que entram na idade madura e se perguntam que caminho trilhar: o sacerdócio, a vida monástica ou a vida no seio da sociedade. Para estes uma formação centrada no estudo do Latim, Gramática, História, Literatura, Música e Catecismo aprofundado pela contemplação das verdades da fé no silêncio da oração, no ofício divino e na missa cotidiana. Missões distintas, mas complementares. Servir a Deus no altar como um Cura D’Ars ou um São Pio X. Servir a Deus na sociedade como um Garcia Moreno, um Gustavo Corção, um Louis Veuillot ou servir a Deus no silêncio do claustro, silêncio que fazia São Bruno exclamar: “O beata solitudo. O sola beatitudo.”

Que os jovens de hoje compreendam sob o olhar de Deus a sua vocação e a sigam generosamente.


ir. Celeireiro

Endereços e contas bancárias para correspondência e para quem quiser nos ajudar:


Soc. C. Mant. do Mosteiro da S. Cruz

Banco Itaú S.A.

Agência 0222 – conta 29186-6 ou 47957-8 (escola)

Nova Friburgo – RJ

Soc. C. Mant. do Mosteiro da S. Cruz

Banco do Brasil S.A.

Agência 0335-2  – conta 5055-5

Nova Friburgo – RJ


Sociedade Civil Mantedora do Mosteiro da Santa Cruz

Caixa Postal 96582

Nova Friburgo – RJ

28610-974

VENDA DE LIVROS: http://livraria.beneditinos.org.br



CASA DE ESTUDOS SANTO ANSELMO


Buscando vocações de jovens para o verdadeiro sacerdócio católico, sem compromisso com a Igreja Conciliar, o Mosteiro da Santa Cruz, situado em Nova Friburgo, oferece aos que se interessarem a possibilidade de receber algo da boa formação e cultura de ontem, a qual não visava à Química, nem à Física, nem à Matemática, nem à Tecnologia, mas sim a conhecimentos mais altos que constituem a verdadeira sabedoria.

Oferecer-se-ão, para começar, cursos de História, Música, Literatura, Gramática Portuguesa, Catecismo e, sobretudo, Latim. Tentaremos adaptar-nos ao nível dos jovens que se apresentarem. Cada um permanecerá perfeitamente livre para ir-se a qualquer momento, e nada os obrigará a seguir uma vocação religiosa ou sacerdotal.

Trata-se de oferecer-lhes um pouco da boa e clássica cultura cristã, a da Antiga Ordem Mundial, a do Cristo Rei, diametralmente oposta à anticultura da Nova Ordem Mundial.

Os jovens interessados devem contactar o professor Carlos Nougué pelo e-mail carlosnougue@gmail.com . Infelizmente as vagas são, por ora, muito reduzidas.

In nomine Christi,

Dom Tomás de Aquino, OSB.

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