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Mudança brusca e inesperada

Arsenius

Como sabemos, o Capítulo Geral da Fraternidade São Pio X, realizado em 2006, decidiu que esta só faria um acordo prático com Roma, quando houvesse um acordo doutrinário. Sabemos, outrossim, que em 2012 o novo Capítulo Geral julgou de modo diferente: deu as bases para um acordo prático, sem exigir primeiramente da Roma modernista uma mudança de sua doutrina modernista.

Neste ano de 2016 houve um “semi-capítulo geral”, se assim o podemos chamar, no mês de junho passado, acerca do qual as previsões mais lógicas eram de que o mesmo iria no mesmo sentido das decisões tomadas em 2012, pois as declarações ainda recentes de altas personalidades da Fraternidade, como os padres Schmidberger e Pfluger, assim o faziam.

No entanto, o que é que lemos na declaração do Superior Geral, no encerramento da sobredita reunião deste ano? Um texto que o próprio Dom Lefebvre assinaria, no qual se afirma, entre outros, a supremacia da doutrina sobre um acordo prático. A que se deve tamanha mudança de rumo no modo de considerar a posição conveniente a se tomar na crise atual? Cremos que podemos levantar duas suposições.

Teriam as ações e palavras grandemente (e cada vez mais) escandalosas do Papa Francisco aberto os olhos da maioria esmagadora dos membros do “semi-capítulo geral”, fazendo-os chegar à conclusão que continuar a intentar um acordo com a Roma modernista na situação atual seria um inevitável suicídio, e que essa sua apreensão teria levado Dom Fellay, muito diplomata, a ceder perante tão grande número de oposições àquilo que até ontem ele julgava o mais acertado? Talvez. Corrobora essa suposição o fato de que os católicos tradicionais principalmente da Europa costumam ser muito leais e sinceros em suas palavras e que, ademais, sendo publicado o sobredito texto da declaração, o mesmo traria uma recusa de Roma em continuar o processo de “regularização” da Fraternidade, visto que no mesmo se diz que o Papa é uma das causas principais da crise pela qual atravessamos.

A segunda suposição seria: Visto que, como diz Alex Curvers, “a grande arte da subversão sob todas as suas formas é falar veementemente em um sentido e agir tanto mais energicamente no sentido oposto”, teria essa declaração a intenção de tão somente acalmar os espíritos inquietos (por serem clarividentes), provavelmente cada vez mais numerosos, diante do rumo desastroso que estavam tomando os dirigentes da Fraternidade? Talvez. Corrobora essa suposição as diversas declarações contraditórias anteriores do Superior Geral.

Não tomamos posição por nenhuma das duas suposições. Julgamos ser melhor esperar o futuro, com os fatos, para nos dizer se devemos crer ou não na sinceridade das palavras da declaração. Se virmos que toda tentativa de acordo houver desaparecido, se Dom Fellay se mostrar arrependido de suas declarações anteriores, se reabilitar os membros expulsos da Fraternidade justamente por haverem defendido a boa causa (nomeadamente Dom Williamson), e outras coisas semelhantes, veremos que a primeira suposição era certamente a verdadeira. Se, pelo contrário, apesar do que foi dito na declaração, as ações e palavras permanecerem no mesmo sentido das anteriores, infelizmente deveremos constatar que a segunda suposição era a mais verossímil.

Queira Deus que todos nos unamos num mesmo combate contra o inimigo comum, o modernismo e seus fautores, sem ceder neste ou naquele ponto. Virgem Santíssima, rogai por nós.

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