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Sermões: 12º Domingo depois de Pentecostes (2014)

Sermão proferido por Dom Tomás de Aquino OSB. Desejou-se, tanto quanto possível, conservar em sua escrita a simplicidade da linguagem oral.

PAX XII Domingo depois de Pentecostes 2014


Um homem descia de Jerusalém para Jericó. Jerusalém significa cidade da paz. Jericó significa inconstância, porque ela está sempre mudando.

Adão vivia na paz da amizade divina. Pelo seu pecado, ele perdeu a paz e foi dominado pela confusão, pela inconstância. Adão é, pois, este homem que descia. Por orgulho, ele quis subir e comendo da árvore da ciência do bem e do mal ele queria um lugar mais alto. Mas Deus humilha os orgulhosos. Por isso ele descia de Jerusalém a Jericó.

Bandidos o assaltaram e o feriram. Estes assaltantes são os demônios. Lúcifer tentou e derrubou nossos primeiros pais. Derrubou-os e feriu-os. Roubou-lhes a graça e os feriu na natureza. Foram quatro grandes feridas: ignorância, malícia, fraqueza e sensualidade. Adão caiu e ficou ferido e com ele todos nós.

Mas um samaritano, ou seja, Nosso Senhor Jesus Cristo, movido de compaixão, o socorreu e pôs óleo e vinho nas quatro feridas. O óleo e o vinho da prudência, da justiça, da força e da castidade. E o levou para a estalagem, ou seja, para a Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana.

Hoje o mundo moderno está novamente por terra como Adão. Os demônios o derrubaram mais uma vez. Da cidade da paz, que é a sociedade católica, o demônio fez o mundo moderno cair na sociedade revolucionária.

Revolução na inteligência, obra das universidades, dos jornais, dos livros e das artes em geral, as quais foram postas a serviço desta repetição do pecado de Adão.

O demônio, mais uma vez, engana Eva, Eva que respondendo à pergunta de Deus “Por que fizeste isso?”, disse “O demônio me enganou”. Sim, o demônio engana porque mente e mente porque ele é o pai da mentira.

O mundo ocidental fez o mesmo que Adão e Eva. Ele vivia na paz, a paz da cristandade, quando o Evangelho regia as nações, quando a escravidão havia sido abolida, o casamento restaurado na sua primitiva pureza, a usura proibida, as corporações de trabalho protegendo a qualidade e o justo preço, a força posta a serviço da justiça e a Igreja reconhecida como mestra da sociedade.

Neste tempo as universidades se regiam pelas normas da Igreja e o mundo conheceu a paz tanto quanto é possível conhecê-la e conservá-la neste mundo.

Mas o demônio não descansa e os homens são inconstantes, sem prudência e inclinados ao mal. As feridas do pecado original, sempre prontas a se reabrirem, facilitaram o trabalho do pai da mentira. As universidades voltaram pouco a pouco as costas à verdade e um vento de novidades sobrou sobre a cristandade desde o início da Renascença.

Novamente se viu o que já se vira com Adão e Eva, mas desta vez se viu e se vê toda uma civilização enganada porque quis ser enganada. Enganada por falta de amor da verdade, a Renascença vai gerar Lutero, Calvino, Henrique VIII e tantos outros que, despojados da graça e feridos na natureza, com feridas cada vez maiores, vão se tornar

Mestres do erro;

Injustos até o crime;

Justos para o mal e incapazes de defender a verdade e

Sensuais ou puritanos.

Eles perderão o equilíbrio da vida da graça.

Da Renascença em diante, nós vemos duas cidades se digladiarem numa luta gigantesca que só terminará com o Juízo Final. Luta que sempre existiu, mas que toma, a cada dia, uma intensidade que irá aumentando até a vinda do Anticristo.

Nas vésperas das eleições, é bom recordar estas verdades, para sabermos em quem devemos votar. Devemos votar naqueles que, como o bom samaritano, são capazes de curar as feridas do mundo moderno, as feridas de nosso país. As quatro feridas das quais falamos.

A ferida da ignorância, mas não da ignorância como os modernos a entendem. A ignorância é tanto maior quanto mais importante é aquele que ignora. O remédio à ignorância é a sabedoria e a sabedoria é Nosso Senhor Jesus Cristo, a Sabedoria Encarnada.

Que político trabalha para que Nosso Senhor Jesus Cristo seja conhecido nas escolas e nas universidades? Se este político existe, votem nele. Não conheço os candidatos à presidência nem aos outros cargos.

Falaram do Deputado Carlos Dias, que teve a coragem de dizer algumas verdades que os outros não têm coragem de dizer.

É importante procurar estes homens, conhecê-los e votar neles para combater os que querem a destruição total da ordem divina que a Santa Igreja logrou imprimir à sociedade com o auxílio dos grandes reis católicos, como Carlos Magno, Santo Henrique, Santo Eduardo, São Canuto, Santo Osvaldo, São Fernando, São Luís, e, mais perto de nós, os chefes de Estado, como Garcia Moreno no Equador, Dollfuss na Áustria, Salazar em Portugal, Franco na Espanha, Pétain na França e ainda outros que se esforçaram para socorrer o homem moderno que está semi-vivo, como diz Nosso senhor no Evangelho de hoje.

Semi-vivo porque não lhe resta senão a vida animal, tendo perdido a graça divina e conservado somente uma existência mais semelhante a dos animais ou a dos demônios do que conforme a sua natureza racional e participante da natureza divina pela graça santificante.

Ferido na inteligência, o mundo moderno o está também na vontade que não tende mais ao que é justo. Assim vemos a injustiça de rédeas soltas na vida pública do país. Vemos a injustiça na morte dos inocentes pelo aborto, sem falar das guerras no Oriente Médio, na Ucrânia, na escravidão dos católicos na China comunista, em Cuba, na Coréia do Norte e em tantas regiões do mundo. Injustiça pelo uso da usura sob a forma de juros anexado aos empréstimos.

A Igreja sempre foi contra a usura e ela nunca permitiu o que se vê hoje. O que se vê hoje, esses juros que criam dívidas incalculáveis, é contra a justiça. O dinheiro emprestado não tem razão alguma de crescer através de juros. A prática oficial dos juros sobre o dinheiro emprestado é uma das formas de injustiça desconhecida ou, ao menos, punida nos tempos em que a sociedade era regida pelo Evangelho.

A terceira ferida é a fraqueza. Fraqueza para o bem, fraqueza para realizar o esforço necessário para cumprir o dever de estado, para carregar a cruz, para se opor ao mal.

Dom Lefebvre foi forte para se opor à autodestruição da Igreja. São Pio X foi forte para condenar os modernistas. Garcia Moreno foi forte diante da morte. Os mártires foram fortes igualmente diante dos tormentos.

O mundo moderno é forte não para o bem, mas para o mal. Forte para o pecado e fraco para o bem. Os comunistas são frequentemente fortes e constantes nos seus empreendimentos. É isto uma virtude de força? A virtude de força é segundo a razão, é conforme a razão e não conforme o erro, e o comunismo é um erro. Pior X disse que o comunismo é intrinsecamente perverso.

A força, a virtude da força consiste em combater o comunismo, combater também o socialismo e combater também o liberalismo. A verdadeira força é combater pelo Cristo Rei, rei das nações, rei de todo o universo, porque Nosso Senhor é Deus.

Por fim, a última ferida é a sensualidade. O mundo moderno afunda cada vez mais na sensualidade. Se nós estamos em situação tão grave politicamente é por causa dos pecados dos homens, por causa dos nossos pecados. E entre os pecados, os pecados de impureza têm de certa forma o primeiro lugar não em gravidade, mas em número. Votemos nos políticos que combatem a impureza.

Quando aparecerá o bom samaritano que por amor de nosso país aceitará as rédeas de nossa nação com o mesmo espírito que São Pio X aceitou o papado, ou seja, como a Santa Cruz que Nosso Senhor tomou para subir ao Calvário e triunfar sobre os nossos inimigos.

Dizemos para que Nosso Senhor nos envie homens que tenham o amor não do dinheiro, não da fama, não do erro, mas da misericórdia por nosso povo.

Nosso inimigos não descansam e já se declararam, desde há muito tempo, inimigos de Deus, inimigos do cristianismo.

Quanto a nós, queremos o triunfo do que o mundo já conheceu no passado, ou seja, da cristandade, da ordem social católica, sob a direção espiritual da Igreja, do Papa, mas não de um papa liberal amigo dos inimigos da Igreja, mas sim de um papa como São Pio X, cujo lema era “tudo restaurar em Cristo”. Mas, para isso, precisamos de homens instruídos na doutrina da Igreja.

Estudemos, pois, a doutrina social da Igreja, procuremos viver esta mesma doutrina e assim estaremos preparando o futuro quando soar a hora da qual Nossa Senhora nos falou ao dizer: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”. Assim seja.

Dom Tomás de Aquino O.S.B.

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