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Sermões: 13º Domingo depois de Pentecostes (2014)

Sermão proferido por Dom Tomás de Aquino OSB. Desejou-se, tanto quanto possível, conservar em sua escrita a simplicidade da linguagem oral.

PAX XIII Domingo depois de Pentecostes 2014

Dez leprosos se mantinham de longe. Por que de longe e não de perto? E por que gritam eles “Jesus, mestre, tende piedade de nós!”? Eles chamam Jesus de Mestre e chamam de longe.

Há aqui um grande mistério, pois Deus nos fala nas Santas Escrituras não só com as palavras, mas com os atos, com os acontecimentos. Vejamos, pois, o ensinamento contido neste acontecimento. Para melhor entendê-lo, vamos reler o texto do Evangelho:

“Naquele tempo, indo Jesus a Jerusalém, atravessava a Samaria e a Galileia. E ao entrar em uma aldeia saíram-lhe ao encontro dez leprosos. Eles pararam ao longe e elevaram a voz dizendo: ‘Jesus, Mestre, tende piedade de nós!”.

Perguntemos novamente: por que estes homens ficaram de longe e não se aproximaram de Nosso Senhor e dos apóstolos e da multidão? Eles ficaram de longe porque a lepra é uma doença contagiosa e por ser contagiosa a lei de Moisés prescrevia que os leprosos não se aproximassem dos outros homens.

Mas que mistério há neste fato? O mistério é a significação da lepra. E que significa a lepra? A lepra significa a heresia. A heresia é uma doença da alma e ela é contagiosa.

Loisy era um padre francês e ele era modernista. São Pio X o excomungou e o excomungou com a pena máxima com que se pode punir um excomungado, que é a excomunhão “vitandus”. “Vitandus” significa aquele que se deve evitar. Evitar por quê? Porque Loisy passava para os outros a sua heresia modernista. Loisy foi advertido e não quis se retratar. Então São Pio X o excomungou com esta excomunhão máxima. Ninguém podia visitá-lo. Ele devia ser evitado pelos católicos.

Assim também hoje. Os modernistas são como leprosos. Eles têm uma doença contagiosa e esta doença é a sua doutrina perversa que se chama modernismo, mas que tem também outros nomes ou outras variantes, pois a heresia é como a lepra, ela vai destruindo a pele e o corpo, ora mais, ora menos.

A lepra se mistura com o organismo e a pessoa fica com partes ainda saudáveis e outras doentes. Assim também com o modernismo. Ora parece católico, ora vemos que não, que na verdade ele não é católico. O modernismo nasceu no meio liberal que professa o liberalismo. O modernismo é uma forma de liberalismo.

O liberalismo consiste em recusar toda dependência em relação a Deus e aos seus representantes e aos seus ensinamentos. Mas o modernismo tem outros nomes também, outras variantes como naturalismo, progressismo, nova teologia, teologia da libertação, carismatismo.

Todos estes erros provêm de um fundo comum de recusa do ensinamento da Igreja. Por isso nós devemos nos manter longe destes homens. Eles têm uma doença contagiosa. Dom Lefebvre dizia que as excomunhões de 1988 nos protegiam.

Como assim? Como uma excomunhão lançada contra nós pode nos proteger? Sim, elas podem nos proteger porque elas mantêm longe de nós os modernistas e nós longe deles. “Mas por que tanta distância? Assim não se converterá nenhum modernista”.

Esta distância é útil e necessária em relação às autoridades modernistas, pois não convém que um católico esteja submetido a uma autoridade que não professa a integridade da fé católica. Assim como a lepra destroi a integridade da saúde do corpo, assim o modernismo destroi a integridade da saúde da alma. E assim como a lepra é contagiosa, assim o modernismo é contagioso.

E assim como São Pio X disse para que ninguém se aproximasse e tivesse contato com o modernista Loisy, assim nós não devemos ter contato com os modernistas de hoje. Porém São Pio X disse ao bispos da diocese de Loisy: “Se ele fizer um passo na sua direção, faça dois na direção dele”, isto é, socorra-o, ajude-o, tente salvar a sua alma, se ele der sinais de querer voltar para a Igreja. Mas notemos aqui que o herege era o inferior e a parte sadia era São Pio X e o bispo da diocese de Loisy. Hoje temos o contrário.

A parte doente é Roma, ou seja, os superiores, os chefes da Igreja, as conferências episcopais que dirigem arbitrariamente a vida eclesial de cada país. Ora, como dizia Dom Lefebvre, “Não são os inferiores que fazem os superiores, mas sim os superiores é que fazem os inferiores”.

Nosso Senhor podia curar os leprosos. Ele é o superior porque Ele é Deus verdadeiro. São Pio X podia curar ou tentar curar Loisy porque ele era o vigário de Cristo na Terra. Nós podemos, é verdade, rezar pelo papa, podemos escrever para o papa, podemos fazer como Santa Catarina de Sena e chamar filialmente a atenção do papa.

Tudo isso Dom Lefebvre e Dom Antônio de Castro Mayer fizeram, mas até agora nada foi obtido. Continuemos a fazer o que podemos, mas de longe. É por isso que nós somos contra todo acordo que possa nos por debaixo da autoridade de homens que não professam a integridade da fé católica. Mas dirão alguns: “Não há nenhum acordo em vista. Para que falar deste assunto?”.

Devemos falar porque São Pedro nos diz que devemos estar sempre prontos a dar a quem quer que nos peça as razões de nossa esperança. E muitos se indagam e nos indagam a respeito de nossa posição. Damos aqui, pois, as razões de nossa atitude, fundada na esperança que temos de que o bom combate que pretendemos estar realizando dará os seus frutos no coração daqueles que nos ouvem.

Mas qual é a razão exata de falar deste assunto, se não houve nenhum acordo assinado ainda? O que está acontecendo que justifica a posição do mosteiro, assim como a do Pe. Jahir e a de tantos padres da Tradição?

Eis aqui a razão e ela se funda em duas citações que tiramos de dois textos diferentes. Uma é de uma carta aberta de Dom Rafael Arizaga e outra é dos padres franceses da Resistência.

Comecemos por Dom Rafael, que cita São Pio X. Na verdade, é então São Pio X que fala. Que diz ele? “Tudo está bem quando se trata de respeitar as pessoas, mas eu não queria que por amor da paz se chegasse a compromissos e que para evitar ódios se faltasse a verdadeira missão do L’Unità” (L’Unità era o nome de um jornal católico da época, e o que São Pio X diz deste jornal se aplica a nós também). E ele continua: “A verdadeira missão do L’Unità consiste em velar pelos princípios e em ser a sentinela avançada que dá o grito de alerta mesmo que seja a maneira dos gansos do Capitólio, que desperta os que cochilam. Neste caso”, acrescenta São Pio X, “o L’Unità não teria razão de existir”. Eis aí o que diz São Pio X: ele quer as sentinelas avançadas que dão o grito de alarme.

Penso que se pode dizer de nós que nossa razão de existir é a defesa da doutrina da salvação, defesa que se faz pela oração e pela pregação, como quer o nosso fundador Rev. Père Muard. Para que os monges têm mais tempo para rezar e estudar senão que para proteger suas almas e as almas daqueles que se confiam a eles?

Mas vejamos a outra citação. Ela é dos padres franceses da Resistência. Eles dizem: “Por amor da Igreja, por fidelidade à memória e ao combate de Dom Lefebvre, nós não poderíamos fundar nossas esperanças em compromissos – oficializados ou não – nesta hora em que a confissão vigorosa e pública da fé se impõe mais do que nunca em face dos promotores dos erros, quem quer que sejam eles”.

Os dez leprosos gritavam “Jesus, Mestre, tende piedade de nós!”. Sim, Jesus é o Mestre, mestre da Verdade porque Ele é a Verdade, Ele que disse “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Amemos a Verdade sem nos esquecer das palavras de São Pio X: “Que o amor da Verdade não nos faça esquecer a verdade do Amor”. Amor da Verdade só é verdadeiro se é amor de Deus amado por si mesmo. Amar a Verdade por Deus e não para nós. Amar a Verdade não para ter razão diante dos outros. Amar a Verdade para se unir a Deus e para amar o próximo em Deus e ptônio de Castro Mayer fizeram, mas até agora nada foi obtido. Continuemos a fazer o que podemos, mas de longe. É por isso que nós somos contra todo acordo que possa nos por debaixo da autoridade de homens que não professam a integridade da fé católica. Mas dirão alguns: “Não há nenhum acordo em vista. Para que falar deste assunto?”.

Devemos falar porque São Pedro nos diz que devemos estar sempre prontos a dar a quem quer que nos peça as razões de nossa esperança. E muitos se indagam e nos indagam a respeito de nossa posição. Damos aqui, pois, as razões de nossa atitude, fundada na esperança que temos de que o bom combate que pretendemos estar realizando dará os seus frutos no coração daqueles que nos ouvem.

Mas qual é a razão exata de falar deste assunto, se não houve nenhum acordo assinado ainda? O que está acontecendo que justifica a posição do mosteiro, assim como a do Pe. Jahir e a de tantos padres da Tradição?

Eis aqui a razão e ela se funda em duas citações que tiramos de dois textos diferentes. Uma é de uma carta aberta de Dom Rafael Arizaga e outra é dos padres franceses da Resistência.

Comecemos por Dom Rafael, que cita São Pio X. Na verdade, é então São Pio X que fala. Que diz ele? “Tudo está bem quando se trata de respeitar as pessoas, mas eu não queria que por amor da paz se chegasse a compromissos e que para evitar ódios se faltasse a verdadeira missão do L’Unità” (L’Unità era o nome de um jornal católico da época, e o que São Pio X diz deste jornal se aplica a nós também). E ele continua: “A verdadeira missão do L’Unità consiste em velar pelos princípios e em ser a sentinela avançada que dá o grito de alerta mesmo que seja a maneira dos gansos do Capitólio, que desperta os que cochilam. Neste caso”, acrescenta São Pio X, “o L’Unità não teria razão de existir”. Eis aí o que diz São Pio X: ele quer as sentinelas avançadas que dão o grito de alarme.

Penso que se pode dizer de nós que nossa razão de existir é a defesa da doutrina da salvação, defesa que se faz pela oração e pela pregação, como quer o nosso fundador Rev. Père Muard. Para que os monges têm mais tempo para rezar e estudar senão que para p

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