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Sermões: 18º Domingo depois de Pentecostes (2013)

Sermão proferido por Dom Tomás de Aquino OSB. Desejou-se, tanto quanto possível, conservar em sua escrita a simplicidade da linguagem oral.

PAX XVIII Domingo depois de Pentecostes (2013)


Como em todas as passagens do Evangelho, a de hoje encerra um grande número de ensinamentos. Todos os atos e todas as palavras de Nosso Senhor são cheias de significação. É Deus Ele mesmo o autor principal do texto do Evangelho e é de Deus Nosso Senhor que aí se fala.

Ora, tudo o que Deus faz é perfeito e esta perfeição brilha com intensa luz nos Evangelhos. Comentemos, pois, alguns dos muitos ensinamentos aí contidos. Jesus, diz São Mateus, subiu numa barca e atravessou o lago e veio para sua terra. Donde Ele vem? De Gerasa, onde ele havia expulsado uma legião de demônios do corpo de dois possessos e estes demônios haviam entrado num grande número de porcos que se lançaram no mar e morreram.

Os habitantes de Gerasa, considerando mais o prejuízo material do que o benefício espiritual, rogaram a Nosso Senhor de ir embora. Como lemos no livro de Jó, estes homens realizaram assim a palavra do profeta: “Afasta-se de nós, pois nós não queremos seguir as vias de teus mandamentos”. Não é isto que vemos no mundo moderno, todo ele ocupado com os bens materiais e não se importando em obedecer às leis de Deus? Nosso Senhor deixa então Gerasa e sobe na barca para ir a Cafarnaum. Que significa a barca? Santo Tomás nos diz que ela significa a Santa Igreja e a Santa Cruz. É pela cruz que Nosso Senhor vem a nós.

Pe. Joaquim acaba de inaugurar a presença da Resistência, da Tradição em Recife. Anteontem e ontem a missa foi celebrada e sua preparação foi marcada por dificuldades que em termos católicos nós chamamos de cruz. As provações são cruzes, e como diz São Luís Maria Grignion de Montfort, “jamais Jesus sem a cruz, jamais a cruz sem Jesus”. Logo, a Tradição começa bem em Recife.

Nosso Senhor, vem, então, pela cruz, pela Igreja, a Cafarnaum. Ele vem pela barca, que é a Igreja, para deixar bem claro que não é por nenhuma outra religião, senão a católica, que Ele vem a nós. Ele vem pela barca que é a Igreja e não pelo protestantismo, nem pela Igreja conciliar, ou seja, pelo modernismo ou pelo liberalismo, mas pela Igreja católica, que detém as quatro marcas da verdadeira Igreja: uma, santa, católica e apostólica.

Mas passemos, pois este assunto delicado a respeito da Santa Igreja ocupada por seus inimigos nos tomaria muito tempo e é preciso comentar o Evangelho de hoje. Eis então que trazem a Nosso Senhor um paralítico. Por que paralítico? Porque o pecado paralisa o homem. O pecador não é um homem livre. Os liberais chamam de livre o homem que não tem tabus, como dizem eles, debochando da moral católica. Os liberais se dizem livres, pois pregam uma ausência de moral, uma ausência de mandamentos. Para os liberais, nada, ou quase nada, é pecado. O único grande pecado é ser contra o liberalismo, é ser como Dom Lefebvre e Dom Antônio de Castro Mayer.

Mais é o contrário é que é verdade, pois o paralítico do Evangelho é a imagem do pecador, preso em seu leito, incapaz de se mover. Este paralítico é transportado por outras pessoas. Estas pessoas significam aqueles que o animam e aconselham a sair do pecado, a fazer uma boa confissão, a abraçar uma vida reta.

Nosso Senhor, diz o Evangelho, vê a fé destes homens. Que homens? Os que levavam o paralítico. Vejam que bela e simples descrição da comunhão dos santos. Nosso Senhor, em atenção à fé dos que acompanham e carregam o paralítico, vai fazer um milagre. Não se fala aqui da fé do paralítico, mas da fé dos que levavam o paralítico.

Quando aquele assassino chamado Pranzini se converteu no último instante antes da morte, aquilo se deu por causa das orações de Santa Teresinha. Nosso Senhor, vendo a fé de Santa Teresinha, concedeu àquele grande pecador a salvação eterna. É nisto que consiste a comunhão dos santos.

Nosso Senhor vai então falar ao paralítico. Que lhe diz Ele? “Tenha confiança, filho, teus pecados estão perdoados”. Por que não disse Ele: “Levanta-te e ainda”, mas sim “teus pecados estão perdoados”? Por duas razões.

Primeiro, porque curar a alma é mais importante que curar o corpo.

Segundo, porque os pecados deste homem eram a causa da sua doença.

Ora, os escribas que observavam a cena pensaram consigo mesmos: “Este homem blasfema”. Por que pensam eles isto de Nosso Senhor? Porque só Deus pode perdoar os pecados. E isto é uma razão para eles pensarem que Nosso Senhor blasfema? Não. Eles pensam isto porque não querem crer na divindade de Nosso Senhor.

O mundo moderno faz o mesmo com a Igreja católica. O mundo moderno com os liberais e os modernistas não creem que a Santa Igreja seja divina e por isso a atacam sem cessar. Eles a atacam ao atacarem a Inquisição e dizem: “Ele blasfemou”. Eles a atacam atacando as cruzadas, atacando São Pio V, que reuniu uma esquadra para vencer os turcos que ameaçavam a Cristandade. Eles dizem: “Ela blasfemou”.

E o que faz Nosso Senhor? Nosso Senhor vai provar sua divindade e isto de duas maneiras.

Primeiro, lendo nos corações destes homens, pois só Deus conhece nossos pensamentos e Ele vai responder ao que estes homens estavam pensando. Vejamos o que ele lhes diz: “Por que pensais mal em vossos corações?” O que é mais fácil de se dizer: “Teus pecados estão perdoados” ou “levante e anda”?

Para que saibais que o Filho do homem tem na terra o poder de perdoar os pecados, e dirigindo-se ao paralítico, Ele diz: “Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa”. O paralítico levantou-se, tomou o estrado em que estava deitado e foi para sua casa.

Nosso Senhor mostrou sua divindade por estes dois fatos. Só Deus conhece os corações e só Deus pode com uma só palavra, curar, ressuscitar e criar todas as coisas. Mas os escribas continuarão na sua incredulidade. Por isso é que eles serão punidos. “Ide e ensinai a toda criatura, as batizando em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado”. Eis as palavras de Nosso Senhor.

Aqueles que não creem são condenados porque não quiseram crer. Crer em quem? Em Nosso Senhor Jesus Cristo. Ora, o mundo moderno não quer crer em Nosso Senhor. Não quer crer no seu reino sobre as nações, não quer crer na Santa Igreja Católica fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo. O mundo moderno corre para o abismo e este abismo é a incredulidade.

O paralítico era vítima de três males. Estava deitado, era carregado, não podia andar. Nosso Senhor lhe diz: levanta, pega o teu leito e vá para tua casa. Assim diz Ele ao pecador arrependido: levanta-te, livra-te de teus pecados, pega a tua cruz e vá para tua casa. Que casa? A Santa Igreja, a pátria celeste. Que para nós também Nosso Senhor nos diga estas três palavras: levanta, pega a tua cruz e vai para tua casa.

Deixemos nossa falta de caridade. Andemos nos caminhos dos mandamentos de Deus, corramos mesmo como nos diz São Bento, pois com o progresso da Fé, a alma corre pela via dos mandamentos de Deus, com inenarrável doçura de amor. E assim chegaremos à nossa casa, à pátria celeste.

É o que desejo de todo o coração, pela intercessão de Nossa Senhora e de São José, e de todos os santos. Assim seja.

Dom Tomás de Aquino O.S.B.

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