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Sermões: 4º Domingo depois de Pentecostes (2008)

Sermão proferido por Dom Tomás de Aquino OSB. Desejou-se, tanto quanto possível, conservar em sua escrita a simplicidade da linguagem oral.

PAX IV Domingo depois de Pentecostes 2008

No Evangelho de hoje o Espírito Santo recebe dois nomes: Espírito de Verdade e Consolador. Eis porque devemos recorrer e desejar a sua vinda em nossas almas.

Consolador, Ele nos sustenta nas penas desta vida. Ele nos dá o ânimo para prosseguir levando nossa cruz. Ele infunde em nossas almas uma secreta suavidade em meio à aridez, em meio às cruzes interiores, em meio às dificuldades que por natureza nos prostram por terra e nos paralisam.

O Espírito Santo é Aquele que dá constância aos mártires e aos confessores. Aquele que sustenta o religioso na sua observância cotidiana. Aquele que dá a cada um de nós a força para cumprir o seu dever de estado. Aquele que deu a Jó a paciência em sua desgraça e que continua a fazê-lo para com todos os que querem viver humildemente submissos à divina Providência.

Mas como é que o Espírito Santo consola as almas? Como é que Ele dá vigor aos que estão debaixo das cruzes, as mais pesadas? Que tipo de consolação Ele lhes traz? O tipo de consolação que o Espírito Santo nos traz está designado no seu segundo nome, indicado no Evangelho de hoje: “o Espírito de Verdade”.

“Ainda tenho muitas coisas a dizer-vos, mas agora ainda não as podeis compreender. Quando vier, porém, aquele Espírito de Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade. De Si mesmo não há de falar, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. Ele me glorificará porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará”.

A Verdade é o alimento, o consolo da alma. O Espírito Santo ilumina a alma daqueles que recorrem a Ele e, iluminando-os, os consola.

“Ó quão grande é a multidão de vossas doçuras, Senhor, que escondestes para aqueles que vos temem”, dizem os Salmos. Deus esconde essas consolações porque os maus, quando conhecem a Verdade, não encontram consolo nela, pois não a amam. Os bons, porém, encontram grande consolo na Verdade. Para eles, a Verdade é vida, pois aquele que ama a verdade ama Aquele que disse “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.

Ora, é o Espírito Santo que nos revela a Verdade, ou melhor, que nos recorda tudo o que Nosso Senhor nos ensinou. É por isso que o Espírito Santo é Aquele que nos guarda na Tradição. O que é a Tradição? A Tradição vem do que nos disse São Paulo: Tradidi quod et accepi. Eu transmiti o que eu recebi.

Mas é isso que faz o Espírito Santo. “De Si mesmo não há de falar, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. Receberá do que é meu e vo-lo anunciará”. O Espírito Santo é o doutor da Igreja. É Ele que assiste a Igreja, Ele que dá a infalibilidade Às definições dos Papas; Ele que assiste o Magistério da Santa Igreja.

Mas aqui também Deus estabelece uma Tradição, uma Traditio, uma transmissão, uma comunicação que é como que a imagem do que se passa na vida íntima de Deus. Na Santíssima Trindade, o Espírito Santo é Aquele que procede do Pai e do Filho. Assim também na Igreja. O Pai enviou Seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, ao mundo. O Filho, por sua vez, nos revelou todos os mistérios que deveríamos saber. Mas cabe ao Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, a missão de nos comunicar, de nos explicar o que o Filho nos revelou.

Daí essa misteriosa palavra de Nosso Senhor: “Quando vier, porém, aquele Espírito de Verdade, Ele vos ensinará todas as coisas. De Si mesmo não há de falar”.

E por que não há de falar de si mesmo? Porque sua missão não é a de revelar algo novo, mas de explicar e conservar o que já foi revelado.

“De Si mesmo não há de falar”, continua Nosso Senhor, “mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. Ele Me glorificará porque receberá do que é Meu e vo-lo anunciará”.

Por que o Espírito Santo glorifica o Filho? Porque Ele mostra que tudo o que o filho revelou é verdade, que tudo o que Nosso Senhor predisse se cumpre, que toda a revelação que se terminou com a morte do último apóstolo é verdadeira e só ela é verdadeira revelação. Pensar que o Concílio Vaticano II pode revelar algo de novo, algo de diferente, algo de contrário, ao que já foi ensinado é ir contra as palavras do Evangelho.

Peçamos, pois, a Nosso Senhor que nos envie o Espírito de Verdade e o Consolador. Espírito de Verdade, porque nós precisamos da Verdade. A Verdade é o pão da alma, a fonte da santidade, o princípio e o fundamento da pureza do coração. E que nos envie este mesmo Espírito Consolador para que em nossas penas se acenda a luz da santa caridade que traz consigo a paz e a alegria.

A alegria consiste em possuir aquilo que se deseja, Ora, se o Espírito Santo nos faz compreender a bondade divina, Ele nos fará também obter esse bem infinito que é Deus. Se o Espírito Santo nos ensinar a beleza da caridade, temos confiança que Ele nos dará o consolo de obter essa virtude. Se o Espírito Santo nos ensinar toda a beleza da Tradição da Igreja, temos a firme esperança de que Ele nos dará a consolação de defendê-la e conservá-la. Se, enfim, o Espírito Santo, se revela a nós com o Pai e o Filho na obscuridade da Fé, nós temos a certeza de que Ele se revelará a nós na claridade da visão beatífica.

Peçamos a Nossa Senhora – que mais do que ninguém ouviu Seu Filho e foi, em seguida, instruída pelo Espírito Santo, que mais do que ninguém conheceu essa delicada diversidade da pedagogia divina, que anuncia pelo Verbo e dá a compreensão pelo Espírito Santo – que ela traga de volta a hierarquia atual à submissão à doutrina revelada. E se isto não se realizar ou não se realizar na pessoa do Sumo Pontífice, que ela nos preserve de todo mal para que nós também glorifiquemos Seu Filho, recebendo o que é d’Ele e anunciando-O ao mundo. Assim seja.

Dom Tomás de Aquino O.S.B.

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