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XV – A Sagrada Comunhão - Os Efeitos



A Sagrada Comunhão é alimento da alma: quais serão pois os seus efeitos? Os que produz o alimento material num corpo bem disposto. Ora, que faz o alimento material?


1. Conserva a vida.

2. Aumenta-a, fortalecendo-a.

3. Deleita.


Assim opera a Eucaristia na alma.


1 – Conserva a vida


A árvore da vida — No paraíso terrestre, em que Deus havia colocado Adão e Eva, dentre muitas árvores havia uma que era denominada a árvore da vida, porque seus frutos, saboreados de vez em quando, serviam para conservar a vida e a manter longe a morte; ao passo que os frutos das outras plantas serviam apenas de alimento (Gên 2,9). Essa árvore figurava a Eucaristia que, com sua virtude, conserva a vida das almas.


Dizei-me uma coisa: Poderá um homem que não toma alimento algum manter-se com vida? Não, certamente: se cessa de comer, morre: nem é preciso que venham os inimigos para matá-lo. Também uma lâmpada se extingue, se não lhe acrescentais o alimento que é o óleo. Experimentai afinal deixar sem a comida um passarinho que tendes na gaiola, e vereis o que sucede. — Assim também a alma tem necessidade de alimento: e este é a Sagrada Comunhão, que preserva a alma do pecado e da morte eterna.


A morte de Lázaro — Quando morreu Lázaro, Jesus, que era seu amigo, foi à casa dele a fim de o ressuscitar. As duas irmãs de Lázaro, Marta e Maria, uma depois da outra vieram ao encontro do divino Redentor, e disse cada uma delas: "Ó Senhor, se estivésseis aqui, meu irmão não morreria: Domine, si fuisses hic, frater meus non fuisset mortuus" (Jo 11,21,32). Jesus, entretanto, com um milagre estrepitoso ressuscitou Lázaro, embora já fossem passados quatro dias que estava morto.


Quantos jovens poderiam repetir a mesma coisa da própria alma: Se Jesus estivesse aqui no meu coração, minha alma não teria morrido no pecado! — Por que têm morrido tantos para a graça, e, cheios de pecados, estão à do inferno? Assim se verifica neles a palavra de Jesus Cristo: "Se não comerdes a carne do Filho do Homem... não tereis em vós a vida: Nisi manducaveritis carnem Filii Hominis - non habetis vitam in vobis" (Jo 6,54).


Quanta solicitude entre os homens, para manter vivo e sadio o corpo! Quando o ar é infecto de moléstias contagiosas, todo mundo tem medo de ser colhido pela doença; e, por amor da vida, recorrem a meios de preservar-se: remédios, desinfetantes... — Pois bem: para andar a salvo no meio de tantas infecções que adoecem o mundo com pecados e escândalos, eis o remédio: a Sagrada Eucaristia, alimento e remédio que, como os frutos da árvore da vida, mantém longe as moléstias e a morte da alma.


2 – Dá força e faz crescer


Elias no deserto — O Profeta Elias, perseguido pela ímpia rainha Jezabel, fugiu através de um deserto. Cansado de andar, sentou-se sob uma árvore, e desejava a morte. Aí o Senhor lhe enviou um Anjo com um pão e um vaso d'água. Ele comeu aquele pão e bebeu: e readquiriu logo suas forças. Assim fortalecido, pôde andar durante 40 dias e 40 noites, até o monte santo onde o chamava o Senhor (3 Rs 19, 4-8).


***


Esse pão que Elias comeu figura a Eucaristia, a qual nos dá a força para podermos andar corajosamente neste deserto que é a vida do homem, e chegarmos ao monte do Senhor, isto é, ao Paraíso. — Também nós, como o Profeta, somos perseguidos: por quem? Por muitos inimigos: e estes são o demônio que tenta, as paixões que trazemos dentro de nós, os maus exemplos e as seduções do mundo. Quem nos dá a força para vencermos estes inimigos? A Eucaristia. Quando temos conosco Jesus, que é forte guerreiro, o demônio não poderá fazer-nos seus, nem o mundo poderá seduzir-nos. Quando se tem Jesus no coração, adquire-se força e coragem nas dores, nas aflições, nas doenças, nos perigos.


Somos dois a padecer — Um piedoso sacerdote, numa enfermidade bem tormentosa, sempre foi paciente. Um dia um médico, que devia fazer-lhe uma operação dolorosíssima, não ouvindo do doente nenhum gemido, perguntou-lhe donde tirava tanta força e paciência nas dores. Responde-lhe esse sacerdote: "Sr. doutor, somos aqui dois a sofrer: hoje Deus veio a mim na Sagrada Comunhão, e eu divido com Ele os meus sofrimentos". Eis como a Sagrada Comunhão dá força nas dores e nas moléstias.

Avante para a batalha — O rei alemão Ótão I, no dia da batalha de Lechfeld (10 de agosto de 955), recebeu com o seu Estado Maior a Sagrada Comunhão na presença de todo o exército, a fim de adquirir força e coragem para combater. E obteve realmente uma esplêndida vitória sobre os húngaros, que deixaram livre o território alemão. Vede se a Sagrada Comunhão dá força e coragem nos perigos?


Para crescer, o homem tem necessidade do alimento: e vós, que sois crianças, certamente não ficareis grandes se não vos alimentardes. Também para crescer nas virtudes, a alma deve ser alimentada com a Sagrada Comunhão. Então ela se torna grande, para superar a todos os obstáculos e alcançar o heroísmo.


Os Mártires – Olhai o heroísmo dos mártires do Cristianismo, os quais fizeram assombrar-se até os tiranos. Havia-os de toda idade e condição: até meninos e meninas de vossa idade. Eram ameaçados, mas não cediam às ameaças. Eram jogados em prisões escuras, atados com cadeias de ferro, e beijavam as cadeias. Eram mandados à morte e lá iam alegremente. A quantos suplícios foram eles submetidos! Eram esfolados vivos, dados como pasto aos animais ferozes, jogados no fogo, crucificados... E não tinham medo; até iam ao encontro desses tormentos a sorrir, felizes de sofrer e morrer por Jesus Cristo!


Mas qual era o segredo de tanta firmeza e de tanta coragem? A Sagrada Comunhão.


Este, e não outro, era o segredo em virtude do qual aqueles mártires, que afinal eram tão débeis, se tornavam heróis! Assim morreram cerca de 18 milhões de mártires entre os mais horríveis suplícios, fortalecidos pela Sagrada Comunhão, denominada por isso o alimento dos fortes.


E ainda agora, justamente nesse alimento dos fortes vão buscar seu heroísmo tantos Missionários que têm deixado a pátria, os parentes, os amigos e todas as comodidades, a fim de irem converter os infiéis nas regiões mais inóspitas e selvagens da Ásia, da África e da América, onde sacrificam a sua vida!


Assim também é esse Pão da Vida que dá virtude a tantas almas generosas que se sacrificam ao conforto dos infelizes e dos enfermos nos hospitais, nos asilos, nas casas de caridade. Diz por isso, São João Crisóstomo que aqueles que recebem a Sagrada Comunhão “se afastam dessa mesa celestial fortes, invencíveis, como leões que exalam chamas e se tornam terríveis até para os próprios demônios”.


3 – Traz graças e vantagens inumeráveis


Dizia Santa Teresa: “A divina Majestade costuma pagar bem a hospedagem àqueles que dão bom acolhimento”. Jesus é aquele Rei que não entra nunca de mãos vazias na casa dos seus súditos, e cuja generosidade é tanto mais profunda quanto maiores são as necessidades.


José, o hebreu – Feito vice-rei do Egito, deu a seus irmãos todo o trigo que eles podiam levar em seus sacos. Também Jesus na Sagrada Comunhão nos dá todos os tesouros de graça de que somos capazes; todas as virtudes com as quais nos possamos santificar.


Um ano depois - Um Missionário que se achava entre os infiéis numa região da América, a fim de conquistar almas para Jesus Cristo, batizara, entre outros, e dera a comunhão, a um pequeno selvagem, depois de o instruir na religião. Em seguida se foi alhures. De volta àquele lugar um ano depois, viu o mesmo Missionário vir ao seu encontro o pequeno selvagem que muito alegre lhe disse: “Padre, dai-me de novo a Sagrada Comunhão!" — "Sim, filho (responde o Missionário); mas antes deves confessar-te; num ano podes ter cometido pecados... - "Que dizeis, Padre? Pecados?... (responde admirado o rapaz); é possível pecar ainda, depois de ter recebido o Batismo e a Sagrada Comunhão? Graças a Deus, nunca mais pequei”. — Eis que graças traz e que efeitos pode operar uma única Comunhão bem feita: transformar um pobre selvagem num santo!


4. Dá-nos o penhor da vida eterna


Disse-o o próprio Jesus Cristo: "Quem de tal pão comer, viverá eternamente (Jo 6, 52).


A Sagrada Eucaristia é o viático para o Paraíso. A palavra viático significa provisão de tudo o que é necessário para fazer uma viagem. Por isso se dá esse nome à Comunhão que se faz quando se está na hora da morte; porque ela nos provê de todas as graças e do conforto de que carecemos naquele terrível momento.


O piloto a bordo — Um marujo, ao se achar na hora da morte, recebeu os santos Sacramentos. Depois de comungar, todo feliz e tranquilo disse: "Agora estou pronto para a grande viagem". E como o sacerdote lhe perguntasse a causa de sua jucunda tranquilidade, respondeu em linguagem marinhesca: "Agora nada mais tenho a temer, porque o piloto está a bordo". — Queria dizer que tinha consigo o Senhor que o conduziria seguro ao porto da feliz eternidade.


Eis quais são os principais efeitos da Sagrada Comunhão


Conclusão


Agora vede, se devemos todos fazer grande caso desse dom de Deus! — E, no entanto, quantos jovens há que dele nenhum caso fazem. E assim vêm a perecer miseravelmente. Deus lhes preparou, na Eucaristia, uma mesa celestial, um alimento de imortalidade; deu-lhes um remédio que os pode sarar de todos os males espirituais; e eles a descuram, e vão de preferência apascentar-se no lamaçal do vício e do pecado, onde, afinal, não topam senão desilusões e remorso!


Caros rapazes, pretendeis também fazer tão pouco caso dos dons de Deus, para vos entregar nos braços das paixões e do demônio? Que desgraça espantosa seria isso para vós! Mas, longe tal pensamento! Vós, ao contrário, apreciais a Sagrada Comunhão.


Procurai, pois, recebê-la com frequência e com as devidas disposições, correspondendo ao amor infinito de um Deus que se deu todo a nós.


(Extraído do livro A Palavra de Deus em Exemplos, G. Montarino,

Do original La Parole di Dio per la Via d’Esempi)

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