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XVIII – As Más Companhias - Quais são os maus companheiros




“Ele faz mais do que muitos diabos” – Um santo monge teve esta visão: Pareceu-lhe ver muitos jovens a brincar alegremente, e entre eles muitos demônios a tentá-los de várias maneiras, mas sempre inutilmente. Eis senão quando chega um novo companheiro que se põe a brincar com os rapazes. Aí todos os demônios se vão embora – Por quê? Era, porventura, um santo esse recém chegado, para fazer escapar todos os diabos? Não! Pelo contrário! Um rapaz péssimo e escandaloso que com suas artes teria estragado todos os demais; por isso os demônios fugiram; e diziam entre si: “Aquele malvado que chegou agora fará sozinho mais do que todos nós”.


***


Tal a visão desse monge: e essa, ó meus caros filhos, é uma triste verdade. Certos jovens, para arruinar-se e perder-se, não carecem do diabo que os tente: basta que tenham um mau companheiro, e este faz já as vezes do diabo. Diz Sto. Afonso: “Vedes os caçadores, como fazem para pegar os pássaros na rede? Servem-se da chama. Assim faz o demônio. Serve-se dos maus companheiros como chamas para pegar muitas almas em sua rede”.

Oh! Como são temíveis as más companhias! Mais do que os diabos!


I – Quais são os maus companheiros


1 – É preciso conhecê-los


A todos os jovens agrada estar com os companheiros. Nunca se cansam de se divertir entre si. E é natural: o homem ama a sociedade. Mas há um inconveniente: amiúde não são bons os companheiros; e sua escolha exige grande cautela. E aqui um de vós dirá logo: “Esse pregador se cansa inutilmente: eu, companheiros maus, não os tenho”. Devagar! Se não tendes maus companheiros, tanto melhor, mas a prédica far-vos-á bem do mesmo modo, porque aprendereis evitá-lo para o futuro. Com certeza julgais serem maus companheiros apenas os que vos batem, vos atiram pedras, vos dizem injúrias. Há outros, no entanto, que vos pareçam bons amigos, porque brincam convosco; e, todavia, são maus e dignos de que se fuja deles como da peste. Jesus Cristo vos diz quais são eles: Observai como falam e como fazem: pelos frutos conhecê-los-eis: A fructibus eorum cognoscetis eos (Mt 7,16).


2 – Como falam


São maus companheiros aqueles que ensinam a desobedecer aos pais, a não ir à Missa, ao Catecismo e à Confissão; que escarnecem das boas ações; que vos chamam de carola se rezais...; piores, afinal, aqueles que dizem palavras inconvenientes; que tem certas conversas escandalosas em segredo, e que não teriam se estivessem em frente da mãe...; que ensinam coisas que fazem corar o Anjo da Guarda...; os que blasfemam e ensinam a blasfemar: são estes, pois, verdadeiros demônios em carne e osso!


“Por pouco soldos...?” – Sto. Afonso (+1787), ainda mocinho, jogava um dia com seus colegas; e embora pouco prático no jogo, venceu a partida. Um dos perdedores aborrecido, proferiu palavras feias. Aí o santo rapaz, com o rosto dolente e sério, lhe disse: “Como? Por poucos soldos perdidos tens a ousadia de ofender a Deus? Toma lá o teu dinheiro”. E jogando o dinheiro ao chão, foi-se embora imediatamente; e se retirou numa igreja para rezar diante de uma imagem de Maria Santíssima. Compreendera que aquele companheiro era um mau sujeito, somente pelas palavras que havia dito.


3 – Como fazem


Pelas obras, custa pouco entender se os companheiros são bons ou não. São desobedientes aos pais, aos mestres, aos superiores? Então são maus. Mantém-se longe da Missa, do Catecismo, dos Sacramentos? São maus companheiros! Vagueiam à noite? Tiram e levam coisas de casa sorrateiramente? Comem muito nos dias proibidos? Dizei que são maus companheiros! Pior... fazem certas brincadeiras e certas coisas... que os fariam enrubescer, se nesse momento os surpreendesse a mãe ou a avó? Estes, sim, é que são os piores companheiros.


Um grito de alarme – S. Bernardino de Sena (+1444), ainda menino, certa vez viu chegar um companheiro ao grupo de jovens com os quais ele se divertia. Sabendo o santo jovem que aquele companheiro era travesso e desregrado, deu logo um grito de alarma a todos os companheiros de brinquedo. E estes, rápidos, receberam a pedradas o mal-aventurado, que teve de dar-se às de vila-diogo e fugir depressa.


4 – As companhias perigosas (o sexo diferente)


Há, afinal, certas companhias que se devem esquivar embora não sejam más, porque são perigosas, e se podem tornar funestas. Quais são? Para os rapazes são as mocinhas, e, vice-versa, para as mocinhas são os rapazes. Deveis evitar tais companhias. Não vos diz isso, porventura, a vossa mãe? Algumas pessoas, que têm juízo, compreendem bem o porquê. Mas se não o compreendeis, não importa. De qualquer modo, devem os rapazes procurar a companhia dos rapazes seus semelhantes, e dizei o mesmo quanto às mocinhas.


Uma brincadeira evitada por S. Luís – S. Luís Gonzaga, ainda rapazinho, uma noite se divertia com colegas em certo jogo no qual quem perdesse devia fazer uma penitência. S. Luís perdeu: e aí o colega vencedor lhe impôs como penitência fazer uma brincadeira com a sombra de uma jovem, que aparecia no muro. Notai bem: tratava-se apenas de uma sombra projetada no muro. S. Luís ante essa proposta corou, recusou-se abertamente e foi logo embora correndo.


Sabe-se ainda desse santo, que quando devia falar com alguma jovem ou alguma mulher, jamais a encarava. Oh! Se estivesse S. Luís agora no mundo, para ver as brincadeiras que se fazem entre moços e moças! Não coraria apenas!


São de se esquivar as companhias de sexo diferente, mesmo que não sejam más (porque sempre são perigosas), tanto mais quando apresentam manifestamente a rede do diabo.


Um arranhão salutar – Lê-se na vida de Santa Zita, que um dia se aproximou dela um criado descarado, o qual disse palavras escandalosas e fez gestos indecentes. Tomada a santa de indignação ela repeliu de si aquele tentador, e com tal ardor de espírito lhe arranhou a cara, que o mal-aventurado ficou com as marcas disso durante alguns dias. Daí, por diante, nem ele nem outros jovens tiveram a ousadia de tentar a pudicícia da santa mocinha.


(Extraído do livro A Palavra de Deus em Exemplos, G. Montarino,

Do original La Parole di Dio per la Via d’Esempi)

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