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Novena aos Santos Anjos, por São João Bosco - Dia 05



QUINTA CONSIDERAÇÃO


Especial assistência dos anjos

em tempo de tentação


Nós precisamos particularmente de ajuda nos momentos de tentação, durante os quais, se

formos vitoriosos, estaremos esculpindo a coroa de nossos triunfos, "a coroa da vida" (Tiago 1, 12), e em tal combate a ajuda e a assistência do Santo Anjo é-nos muito necessária. Não parece estar equilibrada, diz São Tomás, a condição dos combatentes, se um homem tão débil tiver que vencer um inimigo tão forte, se um homem desprevenido tiver que neutralizar as artimanhas de um inimigo tão astuto. Mas todos foram muito bem providos pelo Senhor, continua o santo, que nos deu como amparo um anjo, do qual nos vem copiosa compensação de forças, luzes e graças, de modo que se alguém covardemente cede ante o maligno tentador, não o fará sem uma nova afronta ao seu Bom Anjo, que vê ter-se tornado inútil sua poderosa assistência. Mas se não nos afastarmos daquele que se coloca ao nosso lado como nosso custódio, ele saberá manter quieto o inferno inteiro, que há de se irritar sobremaneira contra nós. E nenhum dano sofreremos: pelo contrário, seremos firmemente sustentados por mãos angélicas a fim de que nosso pé não tropece nas insídias do inimigo (Salmo 90, 12).¹


Duas são as mãos que nos sustentam, diz São Bernardo, pois são duas as admiráveis

luzes angélicas com as quais, como se fossem mãos, nossos Anjos da Guarda levantam durante as tentações nossas mentes e nossos corações: uma das luzes a que nos faz descobrir a brevidade do esforço, e a outra é a que nos faz vislumbrar a eternidade da recompensa. Feliz quem guarda estas duas luzes que conduzem tantas almas à bem-aventurança celeste. Está seguro porque encontra-se em mãos de seu Anjo da Guarda, que dá cabo da luta quase sem que nos demos conta de termos lutado, e ainda por cima merecendo-nos gloriosa vitória. Tal alma passará com gozo inefável do combate à vitória e ouvirá seu Anjo entoar novamente aqueles antigos hinos da vitória, que Ele cantara ao derrotar Lúcifer no céu: "Já está salvo o meu protegido, alegrem-se os céus e todos os seus habitantes" (Apocalipse 12, 12).


Oh! meu amado Anjo, de quantas coroas estaria eu adornado se sempre me tivesse deixado levar por vossas mãos ! Quanto me arrependo por não Vos ter correspondido! Mas agora ponho-me de novo inteiramente em vossas mãos e nelas desejo viver e morrer.


PRÁTICA


Em momento de tentação voltai-vos imediatamente para o vosso Anjo da Guarda. Pedi-lhe ajuda, dizendo-lhe com o mais vivo afeto do coração: Meu Anjo da Guarda, assisti-me neste momento, não permitais que eu caia numa ofensa a Deus. Ou ainda com as palavras dos discípulos quando perigavam no meio do mar, dizei-lhe: Meu Santo Anjo, se não me salvais perecerei! (Cf. Mateus 8, 25). Se um amigo vosso ao ver-vos em perigo logo se comoveria, quanto mais o vosso bom Anjo da Guarda.


EXEMPLO


Os inapreciáveis socorros que os Santos Anjos nos prestam manifestam-se na admirável penitente Santa Margarida de Cortona. Esta santa, depois de sua maravilhosa conversão, manteve frequentes colóquios com o Anjo da Guarda, que a ensinou a rezar, a evitar os enganos do demônio, a afastar de seu coração as coisas do mundo e a consagrá-lo inteiramente ao seu celeste esposo Jesus. Ela por sua vez procurava ser plenamente agradecida ao seu angélico benfeitor, evitando a menor sombra de erro que pudesse desgostá-lo. Cada dia, manhã e tarde, ela lhe oferecia uma homenagem, especialmente com a reza diária e fervorosa de cem Pai-Nossos. Entretanto o demônio fremia de furor e por todos os meios procurava inquietá-la, ora acusando-a da multidão de seus pecados anteriores, ora sugerindo-lhe que Deus não a perdoaria, tudo tentando para induzi-la em desconfiança e desespero. Mas sempre o Anjo bom acudia pressuroso para reconfortar Margarida, fazendo-lhe ver que tudo aquilo não passavam de insídias do inimigo infernal, mostrando-lhe também como sair vitoriosa, e isto até o fim de sua vida.³


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1 - Este parágrafo apresenta-nos resumida a doutrina de São Tomás de Aquino a respeito da ação dos Anjos da Guarda sobre os homens. Cf. Suma Teológica I. q. 113.


2 - São Bernardo, Sermões, Sermão 12 sobre o Salmo 90. nº 10.


3 - Margarida de Cortona, nascida em 1247 numa família camponesa de Laviano, na Itália, conviveu quando jovem durante nove anos com um nobre sem ter-se casado, e desta união teve um filho. A morte do homem com quem vivia impressionou-a fortemente fazendo-a converter-se com sinceridade. Afiliou-se então às terciárias franciscanas de Cortona, onde levou vida muito austera e de heroica santidade. Fundou um hospital para pobres e morreu cheia de virtudes em 1297. Foi canonizada em 1728.

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