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O Catecismo da Igreja Católica é católico?

O Catecismo da Igreja Católica é católico?

Pe. François-Marie Chautard

Tal foi a questão que se colocou em 1992, quando este catecismo apareceu. Ela foi resolvida rapidamente, enquanto esta obra apareceu às pressas como a forma catequética do Vaticano II.

O próprio João Paulo II o escreveu e as grandes banalidades do Vaticano II recebem nele um lugar especial, como nos atestam alguns exemplos seguintes:

A aplicação do Vaticano II

“Após a renovação da liturgia e a nova codificação do Direito Canônico da Igreja latina e dos cânones das Igrejas católicas orientais, este Catecismo dará uma contribuição muito importante à obra de renovação de toda a vida eclesial, querida e aplicada pelo segundo Concílio do Vaticano” [1]

“11.[2] A finalidade deste Catecismo é apresentar uma exposição orgânica e sintética dos conteúdos essenciais e fundamentais da doutrina católica, tanto sobre a fé como sobre a moral, à luz do II Concilio do Vaticano e do conjunto da Tradição da Igreja.”

A inerrância bíblica

“107. Os livros inspirados ensinam a verdade. «E assim como tudo o que os autores inspirados ou hagiógrafos afirmam, deve ser tido como afirmado pelo Espírito Santo, por isso mesmo se deve acreditar que os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro, a verdade que Deus quis que fosse consignada nas sagradas Letras em ordem à nossa salvação» (DV 11)”

“136. Deus é o autor da Sagrada Escritura, ao inspirar os seus autores humanos: age neles e por eles. E assim nos dá a garantia de que os seus escritos ensinam, sem erro, a verdade da salvação (cf. DV 11)”.

Insidiosamente, o Catecismo da Igreja Católica, assim como o Vaticano II, restringem a inerrância (ou seja, a ausência de erro) da Sagrada Escritura apenas às verdades da salvação (fé e moral). Muito pelo contrário, a Sagrada Escritura (mas não todas as suas traduções em todos os seus detalhes) não contém nenhum erro, por ser inspirada por Deus, e, portanto, é infalível em cada parte e em todos os assuntos. São, pois, sessões inteiras da verdade bíblica que o Catecismo de 1992 faz cair por terra.

A inversão dos fins do casamento

“2201. A comunidade conjugal assenta sobre o consentimento dos esposos. O matrimónio e a família estão ordenados para o bem dos esposos e para a procriação e educação dos filhos. O amor dos esposos e a geração dos filhos estabelecem, entre os membros duma mesma família, relações pessoais e responsabilidades primordiais.”

Assim como no Código de Direito Canônico de 1983, aceita-se a inversão dos fins do casamento, contrariamente ao ensino constante da Igreja, como nos mostra esse cânon do antigo código: “O fim primeiro do matrimônio, é a geração de filhos e sua educação”[3]

As falsas religiões

“819. … O Espírito de Cristo serve-Se destas Igrejas e comunidades eclesiais como meios de salvação, cuja força vem da plenitude da graça e da verdade que Cristo confiou à Igreja Católica. Todos estes bens provêm de Cristo e a Ele conduzem (cf. UR 3) e por si mesmos reclamam «a unidade católica» (LG 8)” Este é um grave erro. Que se possa excepcionalmente se salvar nas falsas religiões não significa que se possa salvar pelas falsas religiões, elevadas ao estatuto de “meios de salvação”.

A supressão do Limbo

“1261. Quanto às crianças que morrem sem  Baptismo, a Igreja não pode senão confiá-las à misericórdia de Deus, como o faz no rito do respectivo funeral. De facto, a grande misericórdia de Deus, «que quer que todos os homens se salvem» (1 Tm 2, 4), e a ternura de Jesus para com as crianças, que O levou a dizer: «Deixai vir a Mim as criancinhas, não as estorveis» (Mc 10, 14), permitem-nos esperar que haja um caminho de salvação para as crianças que morrem sem Baptismo. Por isso, é mais premente ainda o apelo da Igreja a que não se impeçam as criancinhas de virem a Cristo, pelo dom do santo Baptismo.”

Isso é o esquecimento do Limbo e, ao mesmo tempo, uma atenuação muito clara da necessidade do batismo para a salvação. Como se espantar em seguida do desafeto dos pais católicos pelo batismo dos pequeninos!

[1] João Paulo II, constituição apostólica Fidei Depositum.

[2] Os números são do próprio Catecismo. Os textos citados foram extraídos do site oficial do Vaticano: www.vatican.va

[3] C. 1013 § 1. Cf. também Pio XI em Casti Connubii: “Nenhuma lei humana poderia furtar ao homem o seu direito natural e primordial do matrimônio, ou limitar de algum modo aquele que é o fim principal da união conjugal estabelecida desde o começo pela autoridade de Deus: crescite et cultiplicamini”.

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