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VI - O JUÍZO UNIVERSAL - O comparecimento do Filho de Deus





Um peregrino e o dia do Juízo Universal – Um devoto peregrino atravessava um dia o Vale de Josafá na Palestina, e caminhando recitava orações. Ao dizer o Credo parou às palavras: Inde venturus est judicare vivos et mortuos, e começou a pensar: “Eis aqui o lugar onde Jesus virá do Céu para julgar os vivos e os mortos. Virá no dia da ira, das tribulações e das angústias, dia de calamidade e de miséria: Dies irae, dies tribulationis et angustiae, dies calamitatis et miseriae (Sof 1, 15); dia que não teve nem nunca terá igual no terror. Isso é também verdade de fé!”


Parecia a esse peregrino ver no ar o divino Juiz em toda a sua majestade, no ato de julgar os pecadores; e diz a história que ele ficou tão apavorado, que ninguém mais o viu rir, e bastava lembrar-lhe do Juízo para o fazer tremer e chorar.


Quantos, no entanto, também entre os jovens, jamais pensam nessa verdade! Se pensam nisso, sim, poriam o cérebro em condições, e viveriam como bons cristãos! Consideremos agora o Juízo Final.


1 – O Comparecimento do Filho de Deus


a) A terrível cena


Um quadro do Juízo universal – O monge S. Metódio (+ 861), que converteu à fé cristã a Bulgária e outras nações bárbaras, era também um bom pintor. Um dia ele foi chamado pelo rei dos búlgaros, de nome Bógoris, o qual lhe disse:


- Deveis fazer-me um belo quadro para eu pôr em meu palácio, e quero que esse quadro represente coisas que metam medo a todos os que olharem.


É mister saber que esse rei era pagão e meio selvagem, e só se deleitava com caçadas de animais ferozes e cenas terríveis. O santo, então, recomendando-se a Deus, pintou o Juízo Universal.


No meio do quadro via-se Jesus Cristo em sua tremenda majestade entre as nuvens e num trono de glória, rodeado pelos anjos; à direita uma fila de pessoas com os rostos esplendorosos de luz (os justos); à esquerda uma multidão de pessoas monstruosas com caras horríveis, cheias de pavor e de desesperada angústia (os pecadores). Em baixo, afinal, se via um abismo cheio de figuras horrendas e demônios, e desse abismo saíam chamas ameaçadoras e foscas.


Quando o rei viu esse quadro ficou impressionado e perguntou:


- Que espetáculo é esse tão magnífico e pavoroso?


Aí Metódio lhe deu a seguinte explicação.


b) Os dois juízos


S. Metódio e a explicação do quadro


- Majestade - iniciou S. Metódio -, esse quadro representa o Juízo Universal. Ficai sabendo que logo após a morte haverá, para todos, o Juízo Particular; isto é, deveremos todos comparecer perante Deus para dar conta do bem e do mal que tivermos feito em vida. Mas além do juízo particular, haverá outro Juízo, que se diz Universal, e este será feito por Jesus Cristo no fim do mundo no Vale de Josafá. Ao Juízo Universal deverá apresentar-se todos os homens do mundo, que existiram, que existem e que existirem; grandes, pequenos, soberanos e súditos, sábios e ignorantes, ricos e pobres, bons e maus.


Ao ouvir isso o rei começou a empalidecer e indagou:


- Quando e como será o Juízo Universal?


Responde Metódio:


- Esse dia ninguém o sabe, nem os Anjos do Céu, exceto o Pai (Deus) (Mt 24,36). Como depois se dará o Juízo, di-lo a Santa Escritura. Primeiro haverá sinais: guerras espantosas dos povos e dos reinos, que se lançarão uns contra os outros (Mt 24,7). Depois o sol escurecerá, e a lua não dará mais a sua luz, e cairão do céu as estrelas, e haverá a destruição do Universo (Mt 24,29); depois virá do céu um dilúvio de fogo que destruirá tudo (2 Pedr 3,10). E então será grande a tribulação, como não houve desde o início do mundo. E tudo isso é verdade de Evangelho.


c) A ressurreição diferente


Quando estiver tudo destruído pelo fogo, os Anjos soarão uma trombeta que se fará ouvir nos quatro ventos; e os mortos ressuscitarão (1 Cor 15,52). E aí se dará um grande espetáculo. Todos os mortos saídos de seus túmulos, da terra, do mar, dos abismos, deverão estar vivos.


Mas com que diferença?


As almas dos bons, vindas do Céu, retomarão o seu corpo belo, resplendente, impassível (Mt 13,43). As almas dos réprobos, surgidas do inferno, unir-se-ão aos seus corpos que, no entanto, serão disformes, horríveis, esquálidos, fedorentos.


d) A separação


Depois virão os Anjos, e separarão os malvados dos justos (Mt 13, 49). E os justos ficarão à direita, e os pecadores à esquerda. Não vos parece vê-los? Todos os blasfemadores, caluniadores, desonestos, soberbos, ladrões, avarentos, escandalosos, sacrílegos, serão separados dos bons; e, vendo-os, dirão com raiva: Eis aqueles de quem zombamos em vida (Sab 5,3). Estultos que fomos! Julgávamos uma insensatez a sua vida; eis, no entanto, como se incluíram entre os filhos de Deus (Sab. 5, 4-5).


e) A cruz


Feita a separação, abrir-se-ão os Céus, e entre fileiras de Anjos aparecerá o sinal do Filho do Homem: a Santa Cruz (Mt 24,30). E aí bater-se-ão no peito todas as tribos da terra. Aí os réprobos cairão como fulminados. E que berros de choro! Que pavor! Que desespero! Ao passo que os justos rejubilar-se-ão!


***


Depois o divino Juiz fará um exame público: manifestará as consciências todas, revelando as culpas, diante de todo mundo. Depois pronunciará a sentença da bênção sobre os bons e a de maldição sobre os maus; e estes irão para o eterno suplício com os demônios: os justos, ao contrário, para a vida eterna (Mt 24,46). Eis o que ouviste no quadro pintado: a tremenda verdade do Juízo, que é verdade de Evangelho”.


Assim concluiu o monge S. Metódio.


Ao ouvir isso o rei Bógoris ficou aterrorizado: fez-se logo instruir na religião, e, iluminado pela graça de Deus, converteu-se ao Cristianismo, e com ele se converteram também os seus súditos.


(Extraído do livro A Palavra de Deus em Exemplos, G. Montarino,

Do original La Parole di Dio per la Via d’Esempi)

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